Efeitos psicológicos da época de exames
Estamos a poucos dias da segunda fase de exames e a semanas de se saber sobre as entradas no Ensino Superior. E se há jovens que vivem com natural serenidade esta fase, onde, apesar de tudo investirem, conseguem lidar de forma favorável com a ansiedade normal que caracteriza esta fase, existem outros com maiores dificuldades e que por isso precisam de ajuda. No entanto, muitos acabam por sofrer em silêncio, onde, a todo o custo tentam disfarçar a ansiedade que sentem. No entanto, e apesar de alguns poderem ter, eventualmente, dificuldade em assumir que psicologicamente estão no seu limite, o corpo acaba por refletir aquilo que eles escondem de si. Os sinais que o corpo emite os seguintes: visão turva, perda de força numa perna, dores de barriga e vómitos, alucinações, dores de cabeça ou de peito, falta de ar, surdez.
Existem também outro tipo de sinais que devemos estar atentos e que se enquadram sobretudo num quadro depressivo e que por isso exigem mais atenção de quem os rodeia: tristeza profunda e prolongada no tempo, falta de sono (ou sono em excesso), perda de apetite, isolamento, perda de interesse por atividades que antes praticavam, relutância em ir sair de casa, etc.
O apoio da família nesta fase é de extrema importância. E, em algumas situações, às vezes confunde-se com a pressão que os pais involuntariamente colocam sobre os filhos. O receio em desiludir, em não se conseguir atingir o objetivo com que se sonha há décadas, provoca uma espécie de efeito "bloqueador" que atua sobre a concentração.
Devido a estes aspetos, e de forma a minimizar o dano caso as coisas não corram como desejadas ou previstas, reforça-se a necessidade do jovem ser ajudado, da mesma forma que sublinhamos, mais uma vez, a importância que a família deve assumir no ter que estar atenta a eventuais sinais que poderão ser indicadores que o jovem não está bem e que por isso precisa de ajuda especializada.
Há semelhança do que acontece em outras situações, relembramos que o não se atuar precocemente sobre estas queixas ou sinais, às vezes pouco visíveis, faz com que o sofrimento psíquico se acumule, capaz de tomar dimensões sérias que poderão ter manifestações a vários níveis, colocando em risco a própria vida do jovem.
É importante que se dê uma atenção redobrada a nível da saúde mental. Considero que, devido a todas as consequências associadas ao estigma que, atualmente, ainda contribui para que as pessoas não procurem ajuda especializada de um "psi", muitas vezes se atrasa um processo terapêutico cujo principal objetivo é o de promover a qualidade de vida daqueles que nos procuram e ajudar a enfrentar as dificuldades e os obstáculos com que se deparam.